segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Adeus às Locadoras

Adeus às Locadoras ou Funeral para um Amigo:


Foi com grande pesar que mais ou menos por volta do começo do mês, veio ao meu conhecimento a notícia de que a Ribalta, uma senhora locadora da cidade estava vendendo seu acervo, uma vez que estava para fechar as portas. Aproveitando a oportunidade ímpar, comprei alguns filmes bem difíceis de se achar atualmente em lojas. Todavia, não foi uma experiência muito alegre, me sentindo como um ladrão de corpos que vem espoliar um cadáver de um soldado morto, e é o porquê de ter sentido isso que eu espero poder demonstrar - seja para vocês ou até para mim mesmo - melhor no decorrer de texto, pelo qual peço perdão se me exceder um pouco no drama.

Como primeiro ponto, gostaria de ressaltar que a situação não é nenhuma novidade, várias outras locadoras já se viram forçadas à fechar suas portas devido à concorrência seja da TV por assinatura ou por inúmeros outros fatores que tornam o processo de ver filmes mais cômodo e prático. Isso, ao meu ver, é uma lástima, pois mesmo que se alcance uma maior comodidade ou praticidade, acabamos perdendo algo muito mais importante:o contato humano. Afinal, o divertido de se ir à uma locadora não era simplesmente o fato de se ir lá, escolher um filme e ir embora. Não, o divertido era a conversa com o balconista ou qualquer outro funcionário que trabalhava por lá, aquela deliciosa conversa sobre filmes , atores, diretores, o debate que podia surgir em torno de algum filme ou aspecto de filme, ou mesmo uma conversa casual que poderia não desembocar no território da sétima arte. A conversa que, muitas vezes poderia fazer com que você levasse um filme que nunca esperaria ver e que terminaria gostando, se tornando grato ao atendente por ter feito você experimentar algo novo e maravilhoso. Mas hoje, com o advento das novas tecnologias, o quesito humano pode ser facilmente deixado de lado para simplesmente atender à questão de praticidade e comodidade, afinal, para que uma conversa se podemos pegar um filme de graça pela internet? Ou acessá-lo facilmente de nosso sofá ou cama através de um serviço fornecido pela operadora de TV? Para que nos esforçamos para fazer algo se isso pode ser facilmente obtido através de uma máquina? Parafraseando o grande Charles Chaplin, no filme O Grande Ditador, "nós tornamos homens máquinas, com cérebros de máquinas, corações de máquina" que sacrificam aquilo que temos de mais importante em troca de praticidade e comodidade. O que acontece com as locadoras é apenas um dos estágios de um processo que já vem começado há um bom tempo desde a Terceira Revolução Industrial  sobre a qual muitos autores melhores e mais competentes do que este que vos fala já debateram.
Como segundo ponto, eu admito que talvez esteja exagerando um pouco a situação, talvez isso não passe de um fricote de alguém que vê o "mundo" que ele conhecia, as coisas que ele achava serem certas, mudarem abruptamente diante de seus olhos. Toda a mudança de costumes, tão natural para a humanidade e a natureza, e que muitas vezes se anunciam há muito tempo mas que preferimos ignorar e que do nada surgem para nos assombrar com suas transformações para a qual não estamos preparados o bastante, gerando aquela estranha sensação que,como bem escreveu F. Scott Fitzgerald no fim de seu romance O Grande Gatsby, pode ser descrita pela seguinte frase: "E lá estávamos nós, barcos contra a correnteza, condenados a voltar insistentemente para o passado." e que tanto nos atormenta por também lembrar que estamos envelhecendo, e que com isso nos aproximamos de nosso inevitável fim....


Bem, era isso o que eu queria dizer há um bom tempo. Peço desculpas à vocês, fieis leitores, por se verem forçados ao ouvir os resmungos  um tanto quanto desconexos de um velho romântico melancólico, mas digo em minha defesa que eu precisava falar isso....

Voltemos depois disso, à nossa programação normal
      

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Momento Cultural Lugar Comum

Saudações fieis leitores! Voltando agora depois de nossa programação especial de Halloween, venho até vocês para mostrar que nosso humilde blog também é lugar de uma "cultura" mais "útil", então para a postagem de hoje, comecemos com um poeminha, sim?

"Remember, remember, the 5th of November
The Gunpowder, treason and plot
I know of no reason, why the gundpowder treason
Should ever be forgot."

E, numa tradução bem livre e amadora:

Lembrai, Lembrai, do cinco de Novembro
A pólvora, a traição o ardil
Eu não vejo motivo para que tal traição
Jamais venha a se esquecer


Creio que, a esta altura, aqueles de vocês que já leram ou viram V de Vingança devem fazer uma ideia sobre o que vem a seguir, para aqueles que nem sequer imaginam o que vem aí, eu orgulhosamente vos apresento:



A Conspiração da Pólvora


Guy Fawkes


Antes de falarmos da Conspiração propriamente dita, vamos para um rápido panorama da época. O ano é 1603, Elizabeth Tudor, a Rainha Virgem, morre em seu palácio de Richmond, em Surrey, deixando o trono real inglês "vago". Sem ter deixados herdeiros, a saída encontrada pelo Parlamente é convocar seu parente mais próximo o rei da Escócia Jaime IV que vem à assumir o trono inglês sob o título de Jaime I. E aí os problemas começam. Ensinado na fina arte absolutista da política, Jaime I entrou em uma série de conflitos muitas vezes com o Parlamento, algo que seu filho Carlos I também iria herdar e que causaria a Revolução Puritana e passou a adotar o anglicanismo - mesmo que ele próprio fosse católico - para poder "ampliar" seus poderes..E aqui, se me permitem, vou fazer uma pequena viagem...
A Inglaterra, desde o governo de Henrique VIII, deixou o catolicismo e aderiu ao anglicanismo, o motivo foi bem simples e aqui vai a viagem: Henrique VIII estava insatisfeito com sua esposa, Catarina de Aragão, pois esta não havia conseguido lhe dar filhos homens - os terrenos da Igreja Católica também contavam. Então, ele solicitou um divórcio ao papa Clemente VII, que não foi aceito e levou à um rompimento entre a Coroa Inglesa e a Igreja. Henrique então criou sua versão do catolicismo onde o divórcio era permitido e o rei era o chefe religiosos, assim nasceu o anglicanismo na Inglaterra. Então, o anglicanismo passou a ser a religião oficial de seu governo para frente, com a exceção de alguns raros momentos.
Mas voltando ao ponto, Jaime I era um absolutista anglicano que começou a adotar políticas que reforçavam um tratamento desigual para pessoas de diferentes religiões, algo que afetou em muito os 
católicos do país. Até que um dia veio a gota d´água veio quando o soberano resolveu proclamar sua filha de 9 anos chefe de estado. Para reverter a situação, um grupo de católicos bolou um plano ousado: explodir o Parlamento - e com isso matar o rei e a maioria da aristocracia anglicana - e raptar sua filha e ensiná-la nas tradições católicas. Guy Fawkes foi o encarregado de colocar os barris de pólvora sob o Parlamento e explodí-los, mas, devido à um informante, Fawkes foi preso e torturado tendo por fim revelado seus companheiros que foram presos e executados assim como ele.

Creio que não preciso dizer que a história não terminou por aí, não é? Fora as várias referências ao fato na cultura pop, como é o Caso de V de Vingança, o 5 de Novembro é marcado como o dia em que a conspiração foi desbaratada e a população inglesa tem o costume de fazer fogueiras e malhar o boneco de Fawkes - assim como o nosso Judas. Outra medida que perdura até hoje é que o subterrâneo do Parlamento sempre é verificado toda vez que a Rainha (ou Rei) passa por lá.



Pois é pessoal, esse é o Lugar Comum sendo útil para a sociedade! Espero que tenham gostado e se notarem qualquer erro ou inconsistência - ou até mesmo se gostaram -, pelo Amor de Deus, me avisem!