Numa entrevista - publicada no Brasil no quarto número da série Mestres Modernos, Walter Simonson fez um comentário bastante interessante sobre o universo das HQs. De acordo com ele, as séries de quadrinhos - e consequentemente seus personagens - possuem um conjunto de temas recorrentes que acabam formando a identidade da série.
Ainda que no caso em questão estivesse falando sobre o Thor, não é preciso correr muito para perceber a verdade por trás dessa afirmação. O Pantera Negra, por exemplo, lida quase sempre com dilemas em torno de sua identidade - seja como rei/herói/cidadão de um país e do mundo - ou com sua relação com seu país - e as frequentes tentativas de golpe de estado que se abatem sobre ele. O Capitão América, por sua vez, vai ter suas crises pautadas por sua relação com o ideal e o real do país cuja bandeira ele adotou.
E temos o Incrível Hulk.
Ainda que seja mais conhecido como o típico personagem de filmes de monstro - uma criatura incontrolável de força sobre-humana responsável por trazer o caos e a destruição por onde quer que passe - o Golias Esmeralda possuí também um rico caráter emocional e psicológico. Apesar de não ser tão bem conhecido quanto seu caráter físico, é nesse aspecto psicológico que vamos encontrar os grandes temas que identificam o personagem e sua série - e, dentre todos esses temas, encontramos a solidão, talvez um dos temas mais fortes e frequentes ao longo dos quase 60 anos de carreira do personagem. De fato, a solidão é uma constante tanto na vida de Banner quanto do próprio Hulk. No caso do cientista, temos a solidão que vem do seu medo de perder o controle, forçando-o a se separar de seus amigos e interesses amorosos pelo simples fato de sua presença pô-los em perigo. No caso do gigante verde, a solidão de ser sempre perseguido e temido em qualquer lugar que ele vá, jamais encontrando a paz ou uma mão amiga que possa ajudá-lo.
E é sobre solidão a história que vamos discutir hoje.
Assim, eu lhes apresento No Coração do Átomo.