terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Carol (2015) - Resenha

          Doce, mas ao mesmo tempo ácido, Carol entra para o leque de produções do diretor americano Todd Haynes, responsável por Velvet Goldmine, Mildred Pierce e Longe do Paraiso. O longa, que foi destaque no Festival de Cannes em 2015, recebeu várias indicações ao Globo de Ouro, Bafta e Oscar – incluindo Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia.

(Imagem: Divulgação)
       Com base na obra “Prince of Salt” (1952) de Patricia Highsmit, Carol se mostra uma obra sensível, com um roteiro cativante e encantador. Tudo começa com uma troca de muitos olhares e poucas palavras entre a jovem Therese Belivet (Rooney Mara) e a elegante Carol Aird (Cate Blanchett). Buscando o perfeito presente de Natal para a filha, Carol se dirige ao balcão de Therese na loja de departamento em que trabalha e o interesse desta é inegável. Distraída, Carol esquece seu par de luvas, deixando para ânimo de Therese uma segunda oportunidade de contata-la. É, então, que o clima de romance entre as duas mulheres tem início.

        A trama se passa na Nova York dos anos 1950, rodeada pelo estilo característico da época inspirado pelo estilista Christian Dior. É impossível deixar de perceber o cuidado em cada detalhe do figurino da película, seja dos figurantes, personagens secundários ou das protagonistas. A indicação de Melhor Figurino no Oscar foi muitíssimo bem merecida.

(Imagem: Divulgação)
          Ainda pensando nas indicações ao Oscar, as atrizes Rooney Mara (Melhor Atriz Coadjuvante) e Cate Blanchett (Melhor Atriz) dão um show de profissionalismo, tanto nas cenas mais cotidianas, quanto nos momentos de drama e paixão de suas personagens. As atuações hipnotizam, dando aquela sensação que possibilita o espectador esquecer a poltrona e mergulhar de corpo e alma na trama.
               
          Carol vê seu destino longe do casamento com Harge Aird (Kyle Chandler), o pai de sua filha, que rejeita e discrimina as inclinações homoafetivas da esposa. No processo de divórcio do casal, Aird impede a filha de que passe o Natal com a mãe, que decide fazer uma viagem de carro pelos Estados Unidos e convida Therese para se juntar a ela. Em meio a um período complicado no processo de divórcio, o carinho e atenção de Therese são indispensáveis para Carol.
                
         O filme também recebeu indicação na categoria de Melhor Trilha Sonora, que se mostra de grande importância para a composição das cenas. No toca discos, no som ambiente dos restaurantes ou no piano da casa dos Aird, os sons inconfundíveis da década são escolhidos pelo compositor americano Carter Burwell – que assina composições de Velvet Goldmine, Onde os Fracos Não Têm Vez e a saga Twilight.

          Quem se pergunta como eram as relações do mesmo sexo numa década tão machista, irá se surpreender com a abordagem delicada do longa-metragem. Há preconceito, rejeição e muito machismo, contudo há também o amor entre duas mulheres que não querem se anular para serem encaixadas na sociedade.

(Imagem: Tumblr)
“É uma obra repleta de sensualidade, ricamente construída e delicadamente detalhada e fabricada: as roupas, os cabelos, os automóveis, os vagões dos trens, os toca-discos, o batom e os cigarros são todos apresentados de forma sublime. A combinação de todos esses elementos é inebriante em si própria.”
Escreve Peter Bradshaw na sua crítica para o The Guardian.
Assista ao trailer: