sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Na Teia do Aranha - Uma Breve Discussão sobre os dois filmes


Voltando de um período de longas - e merecidas - férias, começaremos as deliberações do blog com um assunto que venho remoendo desde o ano passado, quando veio as telas o filme O Espetacular Homem-Aranha. Devo admitir que saí um tanto quanto decepcionado do cinema e com a sensação e - a ideia fixa - de que o filme do Raimi foi muito melhor e é exatamente isso que me traz até aqui hoje, senhoras e senhores. irei discutir alguns pontos dos dois filmes para tentar embasar minha opinião e espero ser capaz de fazer isso. Antes de qualquer coisa, vou falar apenas dos pontos que mais me chamaram a atençaõ e gostaria de dizer que muita coisa que vai ser escrita aqui é passível de discussão, assim como qualquer coisa nessa vida.

  Assim sendo, que os jogos comecem!


  Na Teia do Aranha - Uma Breve Discussão sobre os dois filmes:








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   O primeiro ponto que gostaria de tratar é a história. Por se tratarem de histórias de origem, os dois filmes tem algo como uma área em comum entre si, mas é no filme de Marc Webb em que vamos ver uma maior ousadia em termos de narrativa, introduzindo uma grande quantidade de elementos para serem abordados ao longo do filme, enquanto que no filme de Sam Raimi são introduzidos o mínimo de elementos possíveis. Todavia, essa ousadia acaba fazendo mal para o filme por dois motivos: o primeiro é o fato de que, quanto mais fatos você adiciona na história, maior será o cuidado que você terá que ter pois terá que abordar esses fatos e abordar de uma boa maneira - falo isso a partir de minha experiência de escritor amador. Um exemplo do que digo é a história dos pais do Peter. Eles parecem ter uma enorme importância no começo do filme mas mais ou menos depois da metade do filme, eles são esquecidos "completamente", são deixados no meio do caminho. O segundo motivo é que, ao se introduzir muitos elementos, desvirtua-se o "espírito" da história. Permitam-me ser mais claro. A ideia de se fazer um filme de origem de algo ou alguém - nesse caso um super herói - é mostrar a construção desse algo ou alguém, mostrar o que aconteceu com ele para fazer dele o que ele é. Tendo em vista esses dois aspectos, principalmente no segundo, o filme de Raimi se sobressai - e muito - ao de Webb. O filme de Raimi se atém ao básico, concetrando-se na ideia da construção do herói em detrimento a outros detalhes, evitando assim muitas pontas soltas. Ainda assim, não deixa de ser interessante a ideia do filme de Webb, que aproxima o personagem da antiga versão Ultimate e que - apesar das pontas soltas - deixa margem para muitos acontecimentos na continuação, motivo principal -ao menos na minha opinião - pelo qual o filme foi feito. Isso e para manter os direitos do personagem. Outro grande problema da história de Webb é tentar "unir" todos os personagens importantes da narrativa, algo já tentando no passado nos quadrinhos - creio que por Johnn Byrne, mas não tenho certeza - mas que dificilmente dá certo e força demais o enredo do filme. Não iremos falar aqui sobre os erros gritantes do roteiro.
    O segundo ponto que gostaria de falar são os vilões. Um dos problemas do filme de Raimi é justamente ter apresentado logo de cara o arqui inimigo do personagem, o Duende Verde - e também ter matado ele. Um vilão da magnitude do Duende não deveria ser usado logo de cara antes de ter um terreno emocional mais bem trabalhado e raízes mais fincadas entre Peter-Norman-Harry. Ainda assim, por se ater ao básico, o filme consegue estabelecer uma relação razoável entre os envolvidos e a atuação do monstro William Dafoe também ajuda muito. Um problema semelhante também ocorre no filme de Webb, só que com o seu Lagarto. Uma um tanto quanto mais apropriada do que o arqui inimigo do personagem, o Lagarto teria um potencial enorme no filme. O drama nos moldes de Jekyll & Hyde - ou Banner e Hulk para ficar no mesmo universo -que envolve o Dr. Connors e o Lagarto, sua relação com Peter e Gwen - mesmo que um tanto quanto forçada - seria mais do que suficiente para criar bons momentos no filme, mas Rys Ifans não é Dafoe e muito se perde por causa disso. Um outro problema com relação ao Dr.Connors - que eu senti - foi a falta de sua família, o que daria uma maior carga dramática e profundidade ao personagem. Para resumiro que quero dizer quanto à isso, deixo aqui as sábias palavras do Sr. Fábio Nobre "A história do Lagarto foi a do Octopus no segundo filme."
    Aproveitando que falamos de atuação no último parágrafo, vamos agora para as atuações. No filme de Webb, temos Andrew Garfield como Peter Parker e Homem-Aranha. Aqui ocorre algo curioso, porque Garfield se saí muito bem como Homem-Aranha, atuando com uma naturalidade assombrosa para o papel, como se ele fosse o próprio Homem-Aranha, enquanto falha como Peter Parker, não conseguindo passar qualquer emoção com o personagem além de não convencer ninguém que ele é na verdade um nerd sem vida social, com problemas de cordenação motora, asma, pouquíssimos amigos e que sofre constantes humilhações no colégio, ou seja, um nerd clássico não um geek. No filme de Raimi, Tobey Maguire faz as vezes de mocinho. Apesar de ter uma atuação um tanto quanto engessada como o herói, Maguire faz um ótimo Parker, conseguindo não só se passar por nerd,  além de conseguir passsar para o espectador as emoções do personagem, compensando assim o "engessamento" do herói. Sua atuação lembra em muito a do Christopher Reeve no filme do Super-Homem de 1978, onde vemos ele dar um show com a transformação do leso Clark Kent - mutio parecido com o Peter do Maguire - no Homem de Aço e, mais importante que isso, convencendo plenamente o espectador.Á parte os dois protagonistas, o elenco de Raimi é, de uma maneira geral, superior tecnicamente ao de Webb, apesar de existir um caso especial nesse tocante que é a atuação de Martin Sheen como o Tio Ben, papel vivido por ele no filme de Webb - e pelo finado Cliff Robertson no filme de Raimi. A atuação de Sheen é, de loge, a melhor do filme. Seu Tio Ben é o pai de Peter, o entrossamento dos dois é igual ao daqueles entre um pai e seu filho, mas uma morte sem graça literalmente "mata" todo o trabalho de Sheen no filme.
    O penúltimo ponto,e um dos mais curtos, é sobre a trilha sonora. Nesse aspecto, o filme de Raimi foi muito melhor e afortunado, pois contou com a ajuda do grande mestre Danny Elfman. Elfman, conhecido por seus trabalhos em filmes e desenhos, consegue criar temas que engrandecem e dão vida, além daquele tom de épico, aos filmes em que trabalha o que casa perfeitamente com a ideia do filme de Raimi de construir o herói. Tendo isso em vista, a trilha sonora do filme de Webb é, no melhor dos casos, maçante, não dando ao filme aquela aparência grandiosa que deve ter um filme de herói, mesmo em seus maiores momentos.
 Como útlimo ponto, gostaria de tratar de uma série de pequenos fatores. Dentre eles gostaria de destacar a fidelidade, fotografia e comentar um pequeno "problema" nos filmes de Raimi. Em termos de fidelidade, um dos pontos mais polêmicos da discussão em torno desses dois filmes, podemos dizer que nenhum chega a ser completamente fiel aos quadrinhos - assim como nenhuma adaptação o é. Por um lado,  temos em  "O Espetacular..." apenas por trazer os lançadores de teia e a Gwen Stacy, morrendo aí toda e qualquer fidelidade à obra. Os lançadores por sua vez trazem um problema consigo porque em nenhum momento vemos Peter trabalhar no composto da teia - algo que é desenvolvido pela Oscopr e que dá a enteder ele roubou de lá.. O filme de Raimi usou a muito criticada teia orgânica que conseguiu resolver bem esse detalhe técnico e tem, como em termos de fidelidade, trouxe a morte do Duende e o começo do Aranha na luta livre, morrendo aí. Logo, ao meu ver, discutir qual das duas é a mais fiel é algo um tanto quanto sem futuro pois, no sentido mais estreito da palavra, pode-se considerar que ambos os filmes falham miseravelmente. Em termos de fotografia, algo que me desagradou muito foi o fato terem feito "O Espetacular..." muito escuro. Para sintetizar o que digo, usarei novamente as palavras do Sr. Nobre "O Homem-Aranha não é o Batman". Finalmente, vamos falar de um dos "problemas" do filme do Raimi  que é transformar os vilões em vilões apenas pela ocasião. Vou me explicar melhor. Nos filmes de Raimi, o vilão não é vilão por maldade e sim por algum agente externo, o Duende fica louco por causa do soro, Octopus é controlado pelos tentáculos, o Homem-Areia rouba para ajudar a filha doente, isso nos 3 filmes da série. Admito que cansa usar a mesma ideia repetidas vezes e com o tempo ela pode perder o efeito, mas a algo muito interessante nela e o fato de que ela termina reforçando a imagem do herói. Vejam bem, o próprio Peter só virou herói após o tio ser morto, ele não tomou a decisão de ser bom imediatamente, mas foi forçado por algum agente externo, o mesmo que ocorre com os vilões.Ou seja, cria-se assim a ideia de que somos heróis ou vilões de acordo com a forma como respondemos ao ambiente - há aqueles que resolvem seguir pelo caminho "certo" e aqules que optam pelo caminho oposto, e é essa a ideia que termina por tornar o herói no filme de Raimi em algo tão interessante e Superior a qualquer Espetacular Homem-Aranha.



E Assim termina esse debate.


Então, gostaram? Concordam? Discordam? Sintam-se convidados a deixar sua opinião nos comentários.



P.S: Para reforçar o que disse sobre a trilha sonora.





Um comentário:

  1. Além disso, meu caro, o Lagarto é tão horroroso que só me lembrou isso aqui: http://www.pushselectmagazine.com/wp-content/uploads/2012/10/super-mario-bros-movie-goomba.jpg.

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