Na corrida de filmes mais
equilibrada dos últimos anos, eis que Spotlight: Segredos Revelados se
sobressai e entra forte como um dos gigantes do ano que se passou. Tom McCarthy
(Up: Altas Aventuras) reuniu grandioso elenco e expôs crimes de pedofilia
dentro da Igreja Católica na verídica investigação dos jornalistas da Spotlight
no final do século XX e início do XXI. Uma equipe formada por ninguém menos que
Michael Keaton, Mark Ruffalo e Rachel McAdams dão o tom na intrigante caçada
por provas que comprovam os crimes na cidade de Boston. Filme supera as
expectativas e prende o espectador durante quase três horas de longa-metragem.
Uma investigação jornalística com um pouco de fantasia, mas com qualidade digna de indicação ao Oscar. (Divulgação) |
Por um lado temos um
jornal, o Boston Globe que está passando por um período de transição ao trocar
de comando geral no editorial, muita coisa muda após a chegada de Marty Baron (Liev
Schreiber). No plano de filmagem, observamos o dia a dia de um jornal, a
pressão, a batalha pela busca de pautas e o desejo de distribuir informação.
Por outro lado, temos uma dura investigação que mexe com vários setores da
sociedade, do mais alto escalão até inofensivas que crianças que sofrem desde
cedo por crimes obscuros. A tensão inicia logo na primeira cena, quando é mostrado
um hospital, crianças, pais, bispo e padre e um advogado, os crimes aconteciam,
a imprensa era deixada de lado e os casos acabavam arquivados.
O longa ainda apresenta a
pesada rotina dos jornalistas que investigaram os casos, apurando os fatos,
entrevistando as vítimas e percebendo aos poucos que quase todas as igrejas de
Boston estavam infestados de criminosos disfarçados de padres. É bastante
intrigante observar o cuidado que a equipe do Boston Globe teve em segurar o
caso ao máximo, a cada minuto que se passava mais um caso era descoberto e mais
dossiês eram escritos. Nada foi fácil no momento das investigações, afinal de
contas se tratava de uma cidade quase que em sua totalidade católica, que “prezava
pela ordem” e jamais levantaria algum questionamento sobre a igreja, esta que
acabou se omitindo no início da divulgação do caso e antes, quando apenas
poucos investigavam os casos.
Em relação as atuações,
tivemos uma dupla de coadjuvantes excelentes, Mark Ruffalo e Rachel McAdams
tomaram o filme para si, transformando Michael Keaton em mais um coadjuvante,
isso atrapalha um pouco o desenrolar do filme, o protagonista termina
desaparecendo em muitas cenas. Além disso, é muito demorado o desfecho da
história, segurando demais o tempo, resultando em um pouco de monotonia,
somando a algumas informações que não são bem explicadas, como a vida do padre
que assume para Sasha Pfeiffer (McAdams) que abusava de crianças, mas que também
havia sido estuprado.
No mais, temos um final
que coroa o filme em geral, o Boston Globe descobriu um dos maiores escândalos da
história da Igreja Católica, expondo os casos não só de Boston e sim do mundo
inteiro, confirmando vários crimes de pedofilia que atinge até o Brasil. Uma
investigação bastante cautelosa que foi belissimamente adaptada para as
telonas, Spotlight é fortíssimo candidato nas premiações, por isso já venceu
vários prêmios na crítica. Com quatro indicações ao Oscar, o longa já esteve
mais bem cotado, é verdade, há um excelente roteiro de suspense, ótimas
atuações dos coadjuvantes Mark e Rachel, deixa a desejar apenas na atuação de
Michael Keaton, que acaba sofrendo a maldição do Oscar, um ano após Birdman: A
inesperada virtude da ignorância, e fica um pouco apagado e de certa monotonia
em alguns momentos, apesar de muito intrigante.
Nota:
9/10