quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Spotlight: Segredos Revelados – Resenha Crítica

Na corrida de filmes mais equilibrada dos últimos anos, eis que Spotlight: Segredos Revelados se sobressai e entra forte como um dos gigantes do ano que se passou. Tom McCarthy (Up: Altas Aventuras) reuniu grandioso elenco e expôs crimes de pedofilia dentro da Igreja Católica na verídica investigação dos jornalistas da Spotlight no final do século XX e início do XXI. Uma equipe formada por ninguém menos que Michael Keaton, Mark Ruffalo e Rachel McAdams dão o tom na intrigante caçada por provas que comprovam os crimes na cidade de Boston. Filme supera as expectativas e prende o espectador durante quase três horas de longa-metragem.
Uma investigação jornalística com um pouco de fantasia, mas com qualidade digna de indicação ao Oscar. (Divulgação)
Por um lado temos um jornal, o Boston Globe que está passando por um período de transição ao trocar de comando geral no editorial, muita coisa muda após a chegada de Marty Baron (Liev Schreiber). No plano de filmagem, observamos o dia a dia de um jornal, a pressão, a batalha pela busca de pautas e o desejo de distribuir informação. Por outro lado, temos uma dura investigação que mexe com vários setores da sociedade, do mais alto escalão até inofensivas que crianças que sofrem desde cedo por crimes obscuros. A tensão inicia logo na primeira cena, quando é mostrado um hospital, crianças, pais, bispo e padre e um advogado, os crimes aconteciam, a imprensa era deixada de lado e os casos acabavam arquivados.

O longa ainda apresenta a pesada rotina dos jornalistas que investigaram os casos, apurando os fatos, entrevistando as vítimas e percebendo aos poucos que quase todas as igrejas de Boston estavam infestados de criminosos disfarçados de padres. É bastante intrigante observar o cuidado que a equipe do Boston Globe teve em segurar o caso ao máximo, a cada minuto que se passava mais um caso era descoberto e mais dossiês eram escritos. Nada foi fácil no momento das investigações, afinal de contas se tratava de uma cidade quase que em sua totalidade católica, que “prezava pela ordem” e jamais levantaria algum questionamento sobre a igreja, esta que acabou se omitindo no início da divulgação do caso e antes, quando apenas poucos investigavam os casos.

Em relação as atuações, tivemos uma dupla de coadjuvantes excelentes, Mark Ruffalo e Rachel McAdams tomaram o filme para si, transformando Michael Keaton em mais um coadjuvante, isso atrapalha um pouco o desenrolar do filme, o protagonista termina desaparecendo em muitas cenas. Além disso, é muito demorado o desfecho da história, segurando demais o tempo, resultando em um pouco de monotonia, somando a algumas informações que não são bem explicadas, como a vida do padre que assume para Sasha Pfeiffer (McAdams) que abusava de crianças, mas que também havia sido estuprado. 



No mais, temos um final que coroa o filme em geral, o Boston Globe descobriu um dos maiores escândalos da história da Igreja Católica, expondo os casos não só de Boston e sim do mundo inteiro, confirmando vários crimes de pedofilia que atinge até o Brasil. Uma investigação bastante cautelosa que foi belissimamente adaptada para as telonas, Spotlight é fortíssimo candidato nas premiações, por isso já venceu vários prêmios na crítica. Com quatro indicações ao Oscar, o longa já esteve mais bem cotado, é verdade, há um excelente roteiro de suspense, ótimas atuações dos coadjuvantes Mark e Rachel, deixa a desejar apenas na atuação de Michael Keaton, que acaba sofrendo a maldição do Oscar, um ano após Birdman: A inesperada virtude da ignorância, e fica um pouco apagado e de certa monotonia em alguns momentos, apesar de muito intrigante.

Nota: 9/10