domingo, 16 de fevereiro de 2014

Cine Holliúdy - Resenha Crítica

Vocês vão assistir ao primeiro filme nacional falado em “cearensês”, por isso, as legendas.
Recorde de bilheteria, Cine Holliúdy realmente é muito bom.
(Divulgação)

Salve, salve amigos da Sala Reclusa! Hoje é um dia especial para nós do blog, falarei sobre um filme nacional pela primeira vez após a reformulação geral na Sala, Cine Holliúdy entrou em cartaz em agosto do ano passado e atraiu um bom público para os cinemas de todo o Brasil. Antes de tudo, quero deixar claro que o foco do filme é mais uma homenagem ao povo do Ceará e Nordeste em geral, e a crise do cinema pelos interiores do nosso país, a televisão tomou conta e agravou o problema, infelizmente, é claro!


Levando para a história do filme, primeiro, vemos uma família que leva o cinema para os interiores do Ceará, o problema é que todo lugar que chega, a televisão vem e leva o sonho de Francisglaydisson (Edmilson Filho), Maria das Graças (Miriam Freeland) e o garoto Francisglaydisson Filho (Joel Gomes) para o lixo. Em meio a certas dificuldades, uma cidadezinha chamada Pacatuba, Ceará, muito carente por contra da promessa do prefeito Olegário Elpídio (Roberto Bomtempo), que sempre prometeu trazer o cinema para a cidade.

Família que encanta quem assiste. (Divulgação)
Cenas para lá de engraçadas, a festa do humor nordestino e várias críticas mostram que o filme de bobo não tem nada, quem não riu com Ciço e seu jeito irritante, ou com o cego Isaías (Falcão) e a sua ignorância, com o padre Mesquista (Jorge Ritchie) e o pastor que buscam se dar bem, muito semelhante ao padre e o bispo de o Auto da Compadecida, é certeza de muitas risadas. Francisglaydisson, sua esposa e seu filho ralam bastante, mas conseguem chegar em Pacatuba, lá, ele enfrenta a pressão do prefeito e faz um acordo, o prefeito ganharia os créditos do cinema e ele poderia apresentar os filmes.

Mais uma vez, alguns filmes nacionais mostram que apelar para a pornografia pode muito interferir na qualidade do filme, volto a afirmar que O Auto da Compadecida, Lisbela e o Prisioneiro, O Palhaço e o Cine Holliúdy são a prova de que o ainda podemos ter um cinema de qualidade sem precisar colocar grandes estrelas em um roteiro deplorável. Cine Holliúdy é uma bela e simples obra-prima, um filme difícil de se achar aqui no Brasil, vale destacar que foi lançado com um elenco mais modesto e sem grandes investimentos para o estado do Ceará, a repercussão foi tão grande que o governo do Rio bancou e incrementou o elenco para o longe do ano passado, uma boa aposta.

No fim do filme, que por sinal é muito pequeno, uma hora e meia apenas, Francisglaydisson se torna um grande diretor de cinema, um mestre do kung fu, colocando seu filho e o amigo Waltdisney (Valdisney), menino que também tem uma história bem interessante, se tornam grandes atores da companhia. Apesar da falta de estudo, é fato que Francisglaydisson é um artista, sabendo improvisar até mesmo quando o equipamento quebra, o jeitinho nordestino de que as coisas podem se resolver de maneira muito mais tranquila.
Francisglaydisson, um artista tipicamente nordestino. (Divulgação)

O filme, contado em cearenses, me deixou muito emocionado e bastante feliz, sem falar que me diverti bastante, dou nota 8,0 e indico a todos que curtem um bom filme nacional, um filme!

Nota: 8,0.

PS: Aqui está alguns falas do cearenses e a tradução para o português, vale a pena conferir.

Do Cearensês:

CIÇO

O cabra abestato, mané.

FRACO

A pior coisa do mundo.

AI DENTRO

Resposta a qualquer provocação, antibullying.

ISPILICUTE

Do inglês ‘she is pretty cute’. Significa mulher faceira.

MACHORRÉI

O mesmo que ‘cara’ para os cariocas.

INDARRAI?

Palavra indiana, ainda inédita na Índia, que pergunta sobre quem acabou de se estrepar.