sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Flores do Oriente – Resenha Crítica

Salve, salve, amigos da Sala Reclusa! É feriado de carnaval e, para nós da Sala, é feriado para assistir a premiação da Academia no Oscar 2014 e, é claro, para assistir muitos filmes. A pedida de hoje foi um “filmaaaaço” com a magistral atuação da lenda viva Christian Bale, o filme chama-se Flores do Oriente, longa lançado em 2011, sob a direção do chinês Zhang Yimou. O filme é passado no ano de 1937, em pleno início da Segunda Grande Guerra, a ilha de Nanquim (território chinês), está sendo invadida pelo exército japonês, na história, estima-se que mais de 200 mil foram mortos, incluindo 20 mil estupros, sim, os japoneses não são um poço de delicadeza, mas nada diferente de qualquer exército.
O domínio brutal dos japoneses em Nanquim. (Divulgação)

As primeiras cenas são de muita tensão, os japoneses massacram, humilham e conquistam o território, sobrando poucos abrigos, culminando em muitas mortes, nisso, surge John Miller (Christian Bale), um coveiro americano que é encarregado de enterrar o padre de uma igreja que está abandonada desde a morte do mesmo. Contudo, antes mesmo de chegar a igreja, o homem é encontrado por japoneses, por sorte, uma parede cai em cima dos soldados, então John se esconde junto a duas ou três garotas, ele percebe que as meninas vive no convento e ainda são virgens.

Ao chegar à igreja, John não está nem aí para a situação das crianças, nem para as garotas nem para o sacristão George (Tianyuan Huang), um menino que foi a única coisa que sobrou do padre falecido. Enquanto John se aproveita dos vinhos do local, as garotos e George ganham a companhia das mulheres do bordel, também perseguidas, as mulheres se refugiam na igreja, o grande problema é que as freirinhas não se entendem e vivem a brigar com as prostitutas, gerando grande conflito no início, principalmente porque John não está nem aí para a situação, achando que tudo está bem.

Por um lado, os refugiados se apóiam no coveiro para buscar a salvação, de outro, o pouco se importa e fica louco por uma das prostitutas, Yu Mo. As cenas mais chocantes começam quando o exército japonês chega a igreja, as prostitutas se escondem no porão, enquanto John está no quarto do padre, restando para as virgens pagarem o pato, as cenas são brutais, os homens nojentos que zombam e humilham, como qualquer exército em guerra faria. Percebendo e ouvindo o sofrimento das meninas, John tem uma ideia, ele se veste de padre e começa a suplicar por misericórdia, no primeiro momento, todos param para ver a cena, porém os soldados nem se importam com o que o “padre” fala e seguem a levar as garotas, que são salvas por soldado chinês que armou uma armadilha para os japoneses. Duas garotas acabam mortas no incidente.

o dilema que é o convívio de
prostituas e virgens. (Sala Reclusa)
Após o incidente, o exército japonês toma conta do local e cercam a igreja, fazendo um acordo com John, que ensaiaria com as meninas uma música. O novo padre começa a se sensibilizar com a história dos habitantes refugiados, há momentos, inclusive, que o homem recusa voltar para casa para cuidar das virgens, uma bela cena! Sem dúvidas, a cena mais chocante do longa é quando duas prostitutas voltam ao que restou do bordel em busca de um par de brincos e do restante das cordas do Erhu, um instrumento típico da China. Resultado: os soldados encontram as duas e uma acaba morta na hora graças a um tiro na cabeça, a outra sobrevive e termina saciando as vontades de todos os soldados que estão ali, morrendo logo após o ato, muito brutal e chocante, principalmente quando John chega ao local.

Após ouvir as garotas cantarem na igreja, o Coronel Hasegawa (Atsurô Watabe) exige que elas se apresentem no dia da comemoração da ocupação japonesa em Naquim, óbvio que é um pretexto para tomar para si as pobres virgens, a história se passa por isso, cabe a John Miller procurar um jeito de salvar todos. No refúgio, vale destacar os poucos momentos felizes, como o homem é transformado para o bem quando vê a morte de perto e como ele conseguiu unir as virgens com as prostitutas, tudo caminhava para o bem, a não ser o “convite” do Coronel. O incrível é como tudo dá errado para os refugiados, até no momento da apresentação, onde uma das prostitutas sai do porão procurando o gato e acaba confundida com as virgens, sendo contabilizada por um soldado como 13, sendo que só existiam 12 meninas.

As fases de Bale como John Miller, grande ator! (Sala Reclusa)

No desenrolar da história, as prostitutas se sensibilizam com John e com as garotas e trocam de lugar com elas, abraçando a morte de uma forma encantadora, elas aproveitam da falta de esperteza dos soldados japoneses e das grandes técnicas do coveiro e mestre em maquiar defunto, John Miller. Ele é tão impressionante, que consegue transformar George em uma menina, o pobre garoto se sacrifica pelas freirinhas do padre. O final é eletrizante, a tensão toma conta, eu já não me aguentava de angústia, as prostitutas caminhavam para o estupro seguido de morte, George caminhavam para um final muito mais tenebroso, enquanto Miller consertou um caminhão velho da igreja e escondeu as virgens dentro, ele se aproveitou do sacrifício das mulheres do bordel para fugir dali. Por algum momento, eu realmente pensei que as brutalidades fossem ser passadas no filme, todavia, o filme termina com um John em prantos ao conseguir salvar as 12 virgens que sobreviveram, um filme espetacular!

Queria destacar principalmente a atuação de Bale, o cara é sensacional! É impressionante como todo filme que ele faz é garantia de sucesso, sem falar que ele consegue ser o destaque até quando não é protagonista. No mais, as atuações dos coadjuvantes também são fantásticas, todos nos levam a ver uma guerra por outro lado, saindo um pouco dos centros principais, como a Alemanha por exemplo. Óbvio que ele apela para a realidade, cenas chocantes que provavelmente me deixarão impressionado por alguns dias. O fato é que vários exércitos em tempos de guerras ficam famosos por mutilar, estuprar e massacrar inocentes, chocante, mas muito comum. Quando lançado na China, o longa gerou muita polêmica por retratar o massacra, Bale chegou a ser agredido enquanto promovia, uma bobagem desnecessária, é claro, ele só fazia o seu trabalho.

Um filme nota 10, chocante, brutal, excepcional! (Divulgação)


O ser humano é um imbecil, mas o filme é nota 10, um grande abraço!

Nota: 10,0.