sexta-feira, 9 de maio de 2014

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro - Resenha

Saudações, fieis leitores! Retorno até vocês para trazer a resenha do segundo filme da nova franquia do escalador de paredes favorito de todos. Então, vamos acabar logo com isso:

O Espetacular Homem-Aranha é febre mundial, embora o filme seja limitado. (Divulgação)
Como não deve ser novidade para ninguém, eu sinceramente não gostei dessa nova franquia desde o começo. Em minha humilde opinião, os filmes do Sam Raimi possuíam uma qualidade bem melhor - como eu tentei explicar aqui. No entanto, eu sempre acredito que todas as séries merecem pelo menos uma segunda chance, e foi basicamente por causa disso que fui assistir ao novo filme dessa  franquia do modo mais imparcial possível.

E devo admitir que duas coisas me surpreenderam bastante. A primeira foram as cenas de ação bastante fluídas e acrobáticas - tal qual estamos acostumados a ver nos quadrinhos do personagem - no entanto, mesmo essas cenas sofrem com os efeitos especiais meia boca da produção, mas falemos disso mais para frente. A segunda foram as propagandas descaradas da Sony, mostrando seus computadores sempre que possível, mostrando assim que eles não tem o menor problema em admitir que seu único objetivo com a franquia é ganhar o máximo de dinheiro possível - e quem poderia culpá-la?

Quanto ao resto, temos os mesmos problemas do filme anterior, se bem que em maior escala. Mais uma vez, temos uma história que pretende se focar no mistério dos pais de Peter - e que de fato o faz, respondendo alguns pontos deixados pelo filme anterior - e, igual ao filme anterior, vemos que algo que deveria ser um dos temas centrais do filme ser usado na primeira meia hora, depois ser descartado, resgatado depois de uma hora, e que termina por se mostrar de muita pouca importância para o resto do filme. 

Se esse fosse o único problema do roteiro, seria até que aceitável, mas não para por aí. Temos vilões com motivações pífias e sem sentido - além de origens bizarras, personagens que nada mais são do que estereótipos ambulantes, situações que desafiam toda e qualquer lógica ou regra do bom senso - ou você realmente acha que toda a população de uma cidade ia ficar parada e assistindo um confronto entre um um maluco de armadura com metralhadoras com a polícia local? - ,algo bastante parecido com as crises de ansiedade retiradas do Homem de Ferro 3 - e que, assim como no filme terminam sem ter uma solução plausível - e, talvez o que seria o pior de tudo, relações de antiga amizade que jamais foram mencionadas e que aparecem de maneira conveniente para fazer a história render. Enfim, parece que o roteirista do filme resolveu fazer um filme usando apenas os piores clichês conhecidos pelo homem.

E como se não bastassem o roteiro ruim, os atores conseguem piorar ainda mais a situação. Jamie Foxx faz um Max Dillon/Electro que nada mais é do que o estereótipo de nerd dos anos 80 e, ainda assim, o faz terrivelmente mal. Paul Giamatti faz o que poderia ser um dos papéis mais sem sal de sua carreira - um estereotipado criminoso russo que vira algo que deveria ser o Rino- se sua participação no filme não se resumisse a 10 minutos de cena - se muito. Dane DeHaan nos faz lembrar de tudo o que odiamos em Homem-Aranha 3, além de fazer um Harry Osborn razoável que só aceitamos ser amigo de Peter porque o filme diz isso - apesar de não se esforçar em nenhum momento para confirmar isso. No entanto, ele é o responsável por uma das poucas cenas marcantes do filme, quando Harry tem uma discussão com seu pai, Norman Osborn, o Doente Verde original (interpretado rapidamente por Chris Cooper). Dehaan também faz o que deveria ser o Duende Verde - que é bem desperdiçado no filme, servindo só para matar a Gwen - a melhor cena do filme, apesar da bizarra "mão" de teia que se estica para segurá-la.

Antes de prosseguir sobre os atores, gostaria de abrir um parêntese para falar sobre o visual geral do filme. Bem, a fotografia melhorou ligeiramente e o filme ficou muito mais claro. Os efeitos especiais, no entanto, parecem ter piorado muito. Digo, a ideia de usar a computação no filme é fazer de tal forma que você não perceba que é computação. Nesse sentido o filme falha miseravelmente, fazendo as cenas de ação - o ponto alto do filme - parecerem um videogame do Aranha e, se eu quisesse jogar videogame não estaria pagando o preço absurdo do cinema. Mas voltando ao ponto. Os visuais dos vilões também ficaram terríveis. O Electro, apesar de ser baseado em sua versão Ultimate, lembra mais o Dr.Manhattan de Watchmen do que qualquer outra coisa. A armadura do Rino está ridícula a tal ponto que seria menos bizarro ver um cara vestido de rinoceronte - ou que foi mordido por um rinoceronte radioativo e assim ganhou seus poderes, uma vez que é basicamente assim que todos conseguem poderes nesse filme. E o pior fica para o Duende. Lembro que até hoje muitos fãs reclamam do visual "vilão dos Power Rangers" do filme do Raimi mas, sinceramente, se for uma escolha entre esse visual e o novo, o antigo é menos vergonhoso para todos os envolvidos.

Voltando aos atores: Andrew Garfield volta a interpretar Peter Parker/Homem-Aranha e aqui acontece algo interessante. Apesar de ser um péssimo Peter Parker - prova disso é que todas as relações do universo que tangem o mesmo são as responsáveis pelas cenas mais chatas e estranhas do filme, se bem que nem o elenco nem o roteiro  ajudam muito. - o ator se sai bem como Homem-Aranha, conseguindo ser mais natural no papel do que seu antecessor. No entanto, um dos grandes problemas de Garfield é justamente por tentar ser um Aranha mais fiel ao dos quadrinhos, sempre tentando fazer piadas com a situação. Não que isso seja algo realmente ruim, mas o problema é que boa parte dessas piadas - e situações cômicas - soam  forçadas demais, o que acaba por retirar toda a graça que elas deveriam ter. Emma Stone repete seu papel de Gwen Stacy e, assim como a Sofia Coppola, o melhor momento de todo o filme é quando sua personagem morre. Sallly Field volta a ser a Tia May que, apesar de ter criado Peter desde a infância, não tem a menor intimidade com o mesmo - o que nós faz perguntar o por quê, dentre tantas atrizes melhores, logo ela ter sido escolhida para o papel.

Como último ponto, gostaria de fazer um breve comentário sobre a trilha sonora. A trilha do filme anterior podia ser fraca ou estranha, mas ainda assim, era melhor do que essa. Digo, ela conseguia imprimir a ideia de tensão ou seja lá qual fosse sua função no momento, algo que essa nova - que nada mais é do que um apanhado de músicas pop de artistas que provavelmente possuem contrato com a Sony - não consegue fazer, deixando o filme ainda mais sem graça do que seria possível.

Em resumo, se eu tivesse que resumir esse filme em uma única frase, eu não teria dúvidas que seria essa aqui:

"É a história que conta o idiota, cheia de som e fúria, sem nenhum signifcado."

Nota - 2,0