Um filme melhor que a
trilogia inicial completa, o remake que tem sido um sucesso de crítica, Mad
Max: Estrada da Fúria é realmente tudo isso e muito mais. Uma trama que
mescla muita ação e velocidade nos trás um enredo bastante rico, onde um tirano
assume status de um verdadeiro deus para iludir os cidadãos e dominar os bens
que sobraram de um mundo devastado. Tom Hardy, impecável como Bane, excepcional
como Max, assumiu o papel e provavelmente não deixou a desejar, tudo bem, ele é
um heroi muito calado e discreto, mas isso não foi problema para o bom ator
tomar conta do filme, do início ao fim.
Mad Max é mais do que uma perseguição de carros. (Divulgação) |
Ao lado de Hardy, quem se
destaca é a sempre excelente Charlize Theron, a sul-africana interpreta a
Imperatriz Furiosa, aclamada pela população e revoltada com a tirania do Immortan
Joe. O vilão do longa é o único remanescente da trilogia original, Hugh
Keays-Byrne provavelmente está ainda melhor no novo filme. Pois bem, o filme se
passa na fictícia Citadela, um lugar bastante asqueroso, um deserto tomado pela
seca, todavia é o único ambiente que ainda possui água potável e combustível
que mantém em funcionamento os carros que tem serventia como transporte,
obviamente, e como máquinas de guerra.
Os habitante de Citadela
dependem de “Aqua Cola”, como é batizada no filme, dessa forma, é apresentado
um tirano chamado Immortan Joe, um homem completamente devastado fisicamente
pelas condições do habitat, mas que sobrevive graças ao “Leite de Mãe” que o
mesmo extrai de suas esposas (explicarei logo mais). Immortan dominou o lugar e
oprimiu o povo, iludindo-os ao inventar uma fé maluca que cada vez mais se soma
novos soldados, os chamados “Meninos de Guerra”. Os devotos idolatram o vilão
por dependerem dos suprimentos, é bastante tocante a cena em que Immortan liga
a tubulação e libera água para a população.
Em busca de combustível,
Furiosa é enviada para a Gasolina em busca do combustível, o que Immortan não
imaginava era que sua principal soldada estava começando um plano de fuga que
lhe custaria uma guerra grandiosa. O plano foi idealizado para defender as
esposas/filhas de Immortan, ele costumava cuidar das crianças quando nasciam
mulher para que elas crescessem e lhe dessem frutos, isto é, quando nascia
mulher ele aproveitava extraindo leite e preparando herdeiros, quando nascia
homem ele somava os meninos ao seu exército. O problema é que as condições
ambientais eram bastante desfavoráveis, ou as crianças nasciam com alguma
deficiência ou não chegavam a nascer. A perseguição se inicia e é aí que Max
entra na história, ele havia sido aprisionado pelos soldados de Immortan e segue
junto na caçada por ser o doador de sangue para os problemáticos guerreiros. Os
soldados costumam se sacrificar em nome de Immortan, eles acreditam que o
sacrifício em batalha os fará chegar a Valhala, o Salão dos Mortos ou
simplesmente o paraíso. Quando estão prestes a se sacrificar, eles gritam “Testemunhem!”
isso é sensacional!
Max consegue se libertar
dos soldados e se une as esposas de Immortan e a Imperatriz Furiosa, ele acaba
levando junto um dos soldados do tirano, Nicholas Hoult fala mais como Nux do
que como o namorado zumbi naquela coisa que chamam de filme. Impressiona a
juventude das cinco esposas de Immortan, é nelas a aposta do vilão para procriar
e manter intacto o seu império, chega a ser nojento algumas cenas em que o
tirano aparece oprimindo as antigas esposas, aprisionadas em Citadela. A
sociedade é avançada, mas a falta de recursos acabou tornando os habitantes
bastante primitivos, a prova disso é o próprio Max, ele não simpatiza com os
outros seres humanos, um trauma que ele não explica no longa, mas deixa
implícito no decorrer dos minutos.
As cenas da perseguição
tomam conta de praticamente todo o filme, são empolgantes e angustiantes em
alguns momentos, se imagina que os “rebeldes” serão recapturados a qualquer
hora. Uma delas acaba se sacrificando, Rosie Huntington-Whiteley interpreta
Esplêndida e é a única que tem um final trágico, após ser capturada pelo
tirano, ela acaba morrendo e ainda tem a criança arrancada de seu ventre, é
chocante embora o filme não ser tão violento como eu imaginava que seria, a
censura 14 anos é o bastante. Além de ação e crítica, o filme apresenta muita
emoção, tendo em vista a busca de Furiosa pelo eldorado no qual ela libertaria
as garotas das garras da opressão, o lugar já havia sido completamente
consumido pelo tempo, não existia mais.
Charlize Theron lidera a busca por liberdade, é genial! (Divulgação) |
É dessa forma que Max
resolve ter voz, indicando que o eldorado já existia e elas viveram lá por
quase toda a vida, retornar a Citadela era o plano ideal para sobreviver, a
condição para tornar o lugar a própria Valhala seria lutar contra Immortan e
tomar a cidade. O paraíso já existia, mas o povo teria de se rebelar contra o
tirano, a perseguição ficou ainda melhor. Unido as meninas, Max é apenas peça
do grupo, a liderança é por conta de Furiosa que comanda o grupo no confronto
mais bacana do cinema em 2015, um exército treinado contra um homem e um grupo
de guerreiras que definitivamente não deixaram barato, valeu completamente o
preço do ingresso. Por fim, os rebeldes livram Citadela da tirania e conseguem,
graças ao apelo popular de Furiosa, salvar as viúvas de Immortan, a morte do
vilão é surpreendente. Max, como de costume, abandona Citadela e vai em busca
de novos horizontes, seu caminho é solitário e é dessa forma que ele encontra
novas civilizações para ajudar, o filme deixa brechas para novas sequências.
Pois bem, o longa é
excelente! Possivelmente o que de melhor o cinema estadunidense apresentou em
2015, George Miller manteve a pegada e apresentou um Mad Max ainda melhor que a
trilogia de Mel Gibson e não deve parar por aqui. Ele tem em Tom Hardy a
oportunidade para criar uma nova identidade para o heroi, o ator é o cara certo
para alavancar bilheteria e crítica para possíveis sequências. Os pontos
negativos do filme talvez sejam as dificuldades em apresentar um pouco mais da
história das personagens, tudo bem, Max não é muito de falar, mas não deixa bem
explícito seus traumas passados. Também não é mencionado o que aconteceu com o
planeta, terá acontecido uma grande praga ou aquilo é realmente o ambiente de
toda a civilização? Outro ponto é a forma como Immortan Joe não conseguiu
transmitir tanto medo, a atuação foi muito boa, mas Hugh Keays-Byrne deveria
ter estudado junto ao Bane de Tom Hardy para sacramentar um novo grande vilão
no mundo do cinema, dificilmente Immortan Joe será lembrado como por exemplo o
Bane do Cavaleiro das Trevas Ressurge ou o Coringa do Heath Ledger.
Testemunhem! (Divulgação) |
Mad Max: Estrada da
Fúria resgatou uma história fascinante que foi ainda melhor aproveitada, é o
tempo certo para revivermos Max e sua sociedade atrelada a opressão e sede,
vale o ingresso, vale a nota máxima!
Nota:
10/10.