sexta-feira, 5 de junho de 2015

Mad Max: Estrada da Fúria – Resenha Crítica

Um filme melhor que a trilogia inicial completa, o remake que tem sido um sucesso de crítica, Mad Max: Estrada da Fúria é realmente tudo isso e muito mais. Uma trama que mescla muita ação e velocidade nos trás um enredo bastante rico, onde um tirano assume status de um verdadeiro deus para iludir os cidadãos e dominar os bens que sobraram de um mundo devastado. Tom Hardy, impecável como Bane, excepcional como Max, assumiu o papel e provavelmente não deixou a desejar, tudo bem, ele é um heroi muito calado e discreto, mas isso não foi problema para o bom ator tomar conta do filme, do início ao fim.
Mad Max é mais do que uma perseguição de carros. (Divulgação)
Ao lado de Hardy, quem se destaca é a sempre excelente Charlize Theron, a sul-africana interpreta a Imperatriz Furiosa, aclamada pela população e revoltada com a tirania do Immortan Joe. O vilão do longa é o único remanescente da trilogia original, Hugh Keays-Byrne provavelmente está ainda melhor no novo filme. Pois bem, o filme se passa na fictícia Citadela, um lugar bastante asqueroso, um deserto tomado pela seca, todavia é o único ambiente que ainda possui água potável e combustível que mantém em funcionamento os carros que tem serventia como transporte, obviamente, e como máquinas de guerra.

Os habitante de Citadela dependem de “Aqua Cola”, como é batizada no filme, dessa forma, é apresentado um tirano chamado Immortan Joe, um homem completamente devastado fisicamente pelas condições do habitat, mas que sobrevive graças ao “Leite de Mãe” que o mesmo extrai de suas esposas (explicarei logo mais). Immortan dominou o lugar e oprimiu o povo, iludindo-os ao inventar uma fé maluca que cada vez mais se soma novos soldados, os chamados “Meninos de Guerra”. Os devotos idolatram o vilão por dependerem dos suprimentos, é bastante tocante a cena em que Immortan liga a tubulação e libera água para a população.

Em busca de combustível, Furiosa é enviada para a Gasolina em busca do combustível, o que Immortan não imaginava era que sua principal soldada estava começando um plano de fuga que lhe custaria uma guerra grandiosa. O plano foi idealizado para defender as esposas/filhas de Immortan, ele costumava cuidar das crianças quando nasciam mulher para que elas crescessem e lhe dessem frutos, isto é, quando nascia mulher ele aproveitava extraindo leite e preparando herdeiros, quando nascia homem ele somava os meninos ao seu exército. O problema é que as condições ambientais eram bastante desfavoráveis, ou as crianças nasciam com alguma deficiência ou não chegavam a nascer. A perseguição se inicia e é aí que Max entra na história, ele havia sido aprisionado pelos soldados de Immortan e segue junto na caçada por ser o doador de sangue para os problemáticos guerreiros. Os soldados costumam se sacrificar em nome de Immortan, eles acreditam que o sacrifício em batalha os fará chegar a Valhala, o Salão dos Mortos ou simplesmente o paraíso. Quando estão prestes a se sacrificar, eles gritam “Testemunhem!” isso é sensacional!

Max consegue se libertar dos soldados e se une as esposas de Immortan e a Imperatriz Furiosa, ele acaba levando junto um dos soldados do tirano, Nicholas Hoult fala mais como Nux do que como o namorado zumbi naquela coisa que chamam de filme. Impressiona a juventude das cinco esposas de Immortan, é nelas a aposta do vilão para procriar e manter intacto o seu império, chega a ser nojento algumas cenas em que o tirano aparece oprimindo as antigas esposas, aprisionadas em Citadela. A sociedade é avançada, mas a falta de recursos acabou tornando os habitantes bastante primitivos, a prova disso é o próprio Max, ele não simpatiza com os outros seres humanos, um trauma que ele não explica no longa, mas deixa implícito no decorrer dos minutos.

As cenas da perseguição tomam conta de praticamente todo o filme, são empolgantes e angustiantes em alguns momentos, se imagina que os “rebeldes” serão recapturados a qualquer hora. Uma delas acaba se sacrificando, Rosie Huntington-Whiteley interpreta Esplêndida e é a única que tem um final trágico, após ser capturada pelo tirano, ela acaba morrendo e ainda tem a criança arrancada de seu ventre, é chocante embora o filme não ser tão violento como eu imaginava que seria, a censura 14 anos é o bastante. Além de ação e crítica, o filme apresenta muita emoção, tendo em vista a busca de Furiosa pelo eldorado no qual ela libertaria as garotas das garras da opressão, o lugar já havia sido completamente consumido pelo tempo, não existia mais.

Charlize Theron lidera a busca por liberdade,
 é genial! (Divulgação)
É dessa forma que Max resolve ter voz, indicando que o eldorado já existia e elas viveram lá por quase toda a vida, retornar a Citadela era o plano ideal para sobreviver, a condição para tornar o lugar a própria Valhala seria lutar contra Immortan e tomar a cidade. O paraíso já existia, mas o povo teria de se rebelar contra o tirano, a perseguição ficou ainda melhor. Unido as meninas, Max é apenas peça do grupo, a liderança é por conta de Furiosa que comanda o grupo no confronto mais bacana do cinema em 2015, um exército treinado contra um homem e um grupo de guerreiras que definitivamente não deixaram barato, valeu completamente o preço do ingresso. Por fim, os rebeldes livram Citadela da tirania e conseguem, graças ao apelo popular de Furiosa, salvar as viúvas de Immortan, a morte do vilão é surpreendente. Max, como de costume, abandona Citadela e vai em busca de novos horizontes, seu caminho é solitário e é dessa forma que ele encontra novas civilizações para ajudar, o filme deixa brechas para novas sequências.

Pois bem, o longa é excelente! Possivelmente o que de melhor o cinema estadunidense apresentou em 2015, George Miller manteve a pegada e apresentou um Mad Max ainda melhor que a trilogia de Mel Gibson e não deve parar por aqui. Ele tem em Tom Hardy a oportunidade para criar uma nova identidade para o heroi, o ator é o cara certo para alavancar bilheteria e crítica para possíveis sequências. Os pontos negativos do filme talvez sejam as dificuldades em apresentar um pouco mais da história das personagens, tudo bem, Max não é muito de falar, mas não deixa bem explícito seus traumas passados. Também não é mencionado o que aconteceu com o planeta, terá acontecido uma grande praga ou aquilo é realmente o ambiente de toda a civilização? Outro ponto é a forma como Immortan Joe não conseguiu transmitir tanto medo, a atuação foi muito boa, mas Hugh Keays-Byrne deveria ter estudado junto ao Bane de Tom Hardy para sacramentar um novo grande vilão no mundo do cinema, dificilmente Immortan Joe será lembrado como por exemplo o Bane do Cavaleiro das Trevas Ressurge ou o Coringa do Heath Ledger.
Testemunhem! (Divulgação)
Mad Max: Estrada da Fúria resgatou uma história fascinante que foi ainda melhor aproveitada, é o tempo certo para revivermos Max e sua sociedade atrelada a opressão e sede, vale o ingresso, vale a nota máxima!

Nota: 10/10.