terça-feira, 16 de junho de 2015

Vingadores - A Era de Ultron Crítica

Saudações, fieis leitores! Retornando após um breve hiato, trago até vocês a crítica do segundo filme dos Heróis Mais Poderosos da Terra - mesmo ciente de que, a esta altura do campeonato, o filme provavelmente já deve ter saído de cartaz.

De qualquer forma, antes tarde do que nunca.





Com Vingadores(2012) a Marvel Studios encerrou com chave de ouro a Fase 1 de seu Universo Cinematográfico a partir da reunião de todo o seu elenco. Houveram, é verdade, seus problemas - que foram desde a centralização do filme em torno da figura de Tony Stark (Robert Downey Jr.), até mesmo a subutilização de muitos personagens. Não só isso, o próprio estabelecimento do filme em si gerou uma dose de problemas absurda para a produtora. Afinal, ela  estabelecera para si um nível relativamente alto para suas próximas produções - muitas das quais falharam miseravelmente em alcançá-lo.

Com isso em mente, não é de se surpreender que a sequência do filme capitalizasse em torno de si tanta expectativa e apreensão.

E, surpreendentemente, de modo injustificado.

Mas antes de iniciarmos os trabalhos, segue-se uma breve sinopse da trama:

Passado-se algum tempo após os eventos do primeiro filme - e das sequências - a história começa com a equipe de heróis invadindo uma das bases da Hidra - organização apresentada no segundo filme do Capitão América - em busca do Cetro de Loki. Durante o processo, a equipe tem seu primeiro contato com os gêmeos Wanda (Elizabeth Olsen) e Pietro(Aaron Taylor-Johnson) Maximoff e é graças à Wanda que os eventos do filme propriamente dito começa. Pois, manipulando a mente de Tony Stark, ela o faz viver seu maior medo, o que irá fazer com que ele, ao lado de um relutante Bruce Banner(Mark Ruffalo), acabem por construir a inteligência artifical Ultron (voz de James Spader), numa tentativa de evitar que a Terra - e seus companheiros de equipe - sejam mortos no grande cataclismo cósmico que se aproxima do planeta. No entanto, como geralmente acontece com todo aquele que resolve dar inteligência em demasia para as máquinas, Ultron acaba por se rebelar contra seus criadores - e, eventualmente, contra a humanidade em geral. 

Uma vez tendo estabelecido uma sinopse vagamente aceitável, prossigamos rumo à crítica em si.

 Para todos os efeitos, A Era de Ultron funciona como  o primeiro filme dos Vingadores. Explicando melhor: enquanto que o primeiro serviu para estabelecer a equipe e apresentar todos os seus integrantes, assim como pincelar as relações entre cada um, é em sua continuação que vamos ver a equipe de modo plenamente funcional. 

Essa funcionalidade não se mostra apenas nas cenas de ação - onde realmente veremos a equipe trabalhando em conjunto - mas também nas demais partes do filme, através das interações dos personagens, o que termina por ampliar coisas que já vimos anteriormente - como a relação de amizade entre Bruce Banner e Tony Stark, ou a richa entre o Capitão América e o Homem de Ferro - assim como adiciona novos elementos - como o romance entre Bruce Banner  e Natasha Romanoff e a função do Gavião Arqueiro na equipe.

E é nesse último caso que vemos o porquê de  Whedon ser um dos melhores diretores a ter passado pela Marvel Studios. Ao trabalhar as relações internas da equipe, ele consegue não só desenvolver seus personagens, mas também trazer para tela uma das características mais marcantes - e, por que não, a característica  diferencial - da Casa das Ideias: o conceito da imperfeição do herói. Assim sendo, teremos não só brigas internas, mas também heróis que passam a duvidar de suas próprias capacidades. Mais do que isso, essa "fraqueza" permitirá um melhor aprofundamento dos personagens, em especial daqueles dois mais "excluídos" da equipe: a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro. Ambos ganham não só uma nova profundidade, mas mostram também o porquê de estarem na equipe, servindo muitas vezes como lastro e guia para os "super seres", o que cria um jogo interessante, quando paramos para pensar que são os mais "humanos" da equipe, os responsáveis não só por manter a coesão, mas também por pautar os caminhos dos demais.

Mas não são apenas esses antigos conhecidos que fazem parte da equipe. Nesta sequência, os Heróis Mais Poderosos da Terra contam com a adição de mais três heróis, personagens clássicos das HQs: a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), Mercúrio (Aaron Taylor-Johnson) e o andróide Visão (voz de Paul Bettany). Estes três, apesar do relativo pouco tempo de tela, conseguem desenvolver bem seus personagens - que, ao que tudo indica serão melhor aproveitados e desenvolvidos nos próximos filmes, a exceção do Mércurio - cabendo ao Visão um dos diálogos mais interessantes do filme, no qual ele se encontra diante de seu criador, Ultron (soberbamente dublado por James Spader).

E, já que falamos no robô homicida, vamos aproveitar para falar sobre alguns dos pontos negativos do filme.

Mas antes, gostaria de deixar que claro que não gostei da caracterização de Ultron nesse filme. Admito que o trabalho realizado por James Spader é sensacional, assim como também admito que, dentro da estrutura do filme, assim como da proposta do personagem dentro do MCU - e da proposta do próprio MCU -, essa caracterização funciona muito bem. De fato, sem ter medo de exageros, poderia-se até dizer que é uma das performances mais memoráveis até agora dentre todos os vilões já apresentados. Porém, é uma caracterização da qual eu não consigo gostar.

Apesar de ter mais pontos positivos do que negativos, a trama de A Era de Ultron peca muito em alguns pontos que, caso aproveitados, poderiam ter tornado este o melhor filme da Casa das Ideias.

 Em primeiro lugar, temos um grande desperdício de momentos de tensão.

Por exemplo, peguemos a relação entre Tony Stark e os demais Vingadores. Pois, apesar de vermos a coisa ficar visivelmente tensa entre eles, ao fim do filme é dado a entender que a relação entre eles voltou a ser o que sempre foi. Essa saída não só mata boa parte de toda a tensão do filme, como também desperdiça magnificamente o germe daquilo que poderia vir a ser a Guerra Civil - com previsão de sair em 2016. - gerando mais problemas  para a futura continuidade do universo, se não atrasando bastante o cronograma.

Também nesse sentido de tensão desperdiçada, poderíamos colocar a relação dos gêmeos Maximoff e Tony Stark. Apesar de isso ser algo que eu acredito, ou espero, que seja melhor trabalhado nos próximos filmes, esse súbito confronto de Stark com esses fantasmas de seu passado também serviria de ótimo mote para servir como base da Guerra Civil, e poderia ter acrescentado mais peso dramático no filme.

Também poderíamos citar a falta de um melhor desenvolvimento entre a relação de Ultron  com seu criador. Afinal, os momentos mais interessantes do personagem são justamente aqueles em que ele dialoga com as outras criações de Stark - os gêmeos - e com sua própria, o Visão. Apresentar ou desenvolver esse outro lado da questão, enriqueceria em muito o personagem. 

De fato, apesar da bela atuação de James Spader, não há um um trabalho de desenvolvimento do vilão, de modo que Ultron acaba por se tornar um vilão extremamente genérico - seja por  suas motivações, seja em seus planos, seja em seu modo de pensar. Não há, praticamente,  uma única característica no personagem - à parte a atuação de Spader - que o torne diferente de seus demais pares vilanescos. Essa constatação se torna ainda mais evidente quando paramos para ver as melhores cenas de Ultron no filme, que são justamente aquelas em que vemos um lado mais pessoal do mesmo - em especial em seu último diálogo com o Visão e, em última instância,  sua relação com os gêmeos Maximoff.

E é justamente essa falta de desenvolvimento do vilão que constitui o segundo ponto negativo do filme - apesar de que, se analisarmos friamente, ele é mais um problema geral do MCU do que algo pontual, como podemos ver, por exemplo, em Guardiões da Galáxia - cuja crítica você pode conferir aqui. - assim como em praticamente todos os outros filmes, com a exceção da franquia Thor que, apesar de ter o único vilão bem desenvolvido, tem péssimos filmes.

No mais, existem algumas forçadas de barra na parte do roteiro, mas nada que realmente afete o desenvolvimento da história ou do filme como um todo. Quanto ao elenco e suas atuações, acredito que não há muito mais o que se falar, uma vez que o elenco principal já se encontra bem a vontade com seus respectivos personagens. Ainda assim, vale acrescentar um último elogio ao ótimo trabalho de Aaron Taylor-Johnson e Elizabeth Olsen, os mais novos integrantes do elenco e que parecem prometer muito em filmes futuros - menos o primeiro.

Nota:9,8

 

P.S: Também é interessante notar que  já foram dadas as primeiras pistas para aquele que pode ser o filme mais interessante - e desafiador - da Marvel até agora, o do Pantera Negra.

P.S.1: A trilha sonora tem a mão do Danny Elfman.