Saudações,
fieis leitores! Retornando após um longo e árduo conflito com a preguiça, venho
até vocês para falar sobre um dos mais belos trabalhos já produzidos na nona
arte. A obra em questão, escrita e desenhada pelo mestre Jim Starlin e lançada
em 1982 pelo antigo e saudoso selo Marvel Graphic Novels - que também nos
rendeu outras obras-primas, mas isso já é assunto para outras postagens. Sem
mais delongas, vamos falar de...
(HQ Oficial) |
Talvez o tema mais abordado - e inquietante - pela humanidade desde seu surgimento, a morte e o que vem depois dela tem sido tema e inspiração para as mais variadas obras e, nesta graphic novel, temos um dos mais tocantes trabalhos já realizados nesse sentido.
Após anos de combate, o capitão kree Mar-Vell, mais conhecido como Capitão Marvel, se depara com um oponente contra o qual todo o seu poder é inútil, e esse oponente é a própria morte. No entanto, ela não vem na forma de um inimigo impiedoso ou de uma batalha grandiosa, mas sim, na forma de um câncer que, lenta e dolorosamente, lhe ceifa a vida, mesmo com o esforço das maiores mentes do universo em encontrar uma cura para sua doença e vem seu amigo e companheiro morrer diante de seus olhos.
Inspirada na própria situação do pai de Starlin, que na época também sofria em sua luta contra o câncer, a história é tocante não por trazer a morte de um personagem antigo e de relativa importância no Universo Marvel, mas sim por conseguir refletir a sensação de perder alguém que nos é caro e, mais do que isso, de nossa impotência em impedir a sua morte. Não só isso, ela nos traz aquela terrível sensação de finitude que sentimos toda vez que nos deparamos com a morte. Como bem diz o Capitão em dado momento da história, nós sabemos que ela está ali, mas jamais pensamos que vai acontecer conosco.Uma outra profunda reflexão sobre a própria natureza da morte - algo bem comum na obra de Jim Starlin - é feito de maneira magistral pela participação especial de Thanos que termina sendo o guia daquele que foi o seu nêmesis em sua jornada rumo à fronteira final, levando-o a aceitar o seu destino derradeiro, quando discursa sobre a finitude de todos os seres.
Mas talvez uma das imagens e reflexões mais emblemáticas da história se encontre em seu final quando Starlin nos dá um último vislumbre dos dois inimigos mortais caminhando lado a lado rumo ao grande desconhecido, ambos sendo guiados pelas mãos da Morte. A imagem por si só já seria incrível, mas o significado implícito dela, de que todos somos iguais perante a morte, é simplesmente arrebatadora, fechando com chave de ouro essa maravilhosa graphic novel.
Leitura imperdível para aqueles que não só curtem quadrinhos como gostam de uma boa leitura.