quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O Sombra:O Fogo da Criação - Resenha

Saudações, fieis leitores! Hoje, uma vez mais vamos fazer uma análise. Desta vez, no entanto, o material de nossa resenha será um belo encadernado da Mythos Editora. Falo aqui de "O Sombra - O Fogo da Criação". Para mais informações, continue na página após a imagem:

                 (Capa e contra capa do encadernado)




 No ano de 2012, a Dynamite Comics se dedicou a um audacioso projeto: Um "revival" para os assim chamados heróis pulp. A título de explicação, um pulp era uma revista de histórias impressas em um material extremamente vagabundo, feitos de polpa de celulose, cujas histórias eram marcadas pela violência e por "viagens" de ficção científica. Esse tipo de revistas foi um grande sucesso durante  o começo dos anos 1920, e foi o predecessor das atuais HQs. Outro detalhe curioso é que, como a grande maioria de suas histórias possuía uma qualidade duvidosa, essas revistas criaram um sub-gênero conhecido como "ficção de polpa" - ou mais conhecida como Pulp Fiction. Também vale lembrar que muitos grandes nomes da literatura norte-americana moderna tiveram suas origens nas revistas de polpa, agora, quais são esses nomes, isso talvez seja um material para outra postagem.

 De qualquer forma, vários personagens marcantes trilharam seus caminhos por aquelas páginas baratas e, em 2012 a Dynamite resolveu republicá-los. Entre as séries que saíram por lá sob essa bandeira podemos citar: O Sombra (The Shadow), O Aranha (The Spider), Besouro Verde (Green Hornet), The Masks (Máscaras), The Panthom (O Fantasma). Agora, chegou a vez da Mythos republicá-los, e o primeiro volume dessa leva da "volta dos que não foram" foi O Sombra.

"Quem Sabe o Mal que Espreita no Coração dos Homens?"


Para aqueles - a grande maioria - que não conhece o Sombra, o personagem foi criado na década de 1930 por Walter Brown Gibson, para estrelar um programa de rádio. O Sombra é um vigilante brutal e violento que atua nas ruas de Nova York apoiado por duas pistolas .45, uma rede de ajudantes e poderes mentais. Sua verdadeira identidade é Lamont Cranston, um playboy milionário e, como marca registrada do período, sua eterna noiva é a jovem Margo Lane

Para os mais curiosos, aqui vai um breve resumo de sua origem (nos baseando na nova versão, muito mais simples): Kent Allard um renomado criminoso no Oriente, foi raptado por um grupo de monges cujo objetivo de vida é redimir os mais cruéis e terríveis criminosos para que eles, por sua vez, atuem como carrascos no submundo. Após anos de treinamento, Kent Allard desaparece e, em seu lugar, surge não só o Sombra como Lamont Cranston.

Pois bem, uma vez tendo explicado - resumidamente - o passado do personagem, vamos falar da história em si.


 "O Sombra Sabe!"

 
O Fogo da Criação  se passa em 1938, focando-se principalmente na ofensiva japonesa durante a Segunda Grande Guerra. O governo vem até Lamont e pede que ele os ajude na busca de um determinado material que pode mudar radicalmente os rumos da guerra. E assim o justiceiro se vem em uma viagem ao redor do mundo confrontando nazistas, japoneses e antigos personagens de seu passado.

O roteirista escolhido para trazer O Sombra de volta à vida foi o irlandês Garth Ennis e não poderiam ter escolhido mais certeiramente. O estilo hiper violento - e, por que não, perturbado - de Ennis se casa perfeitamente com a natureza sombria do personagem criando uma simbiose entre criador e criatura perfeita em que um limita e formula os extremos do outro, e tudo isso em uma história envolvente do início ao fim. 

A arte de Aaron Campbell também não fica para trás. Responsável também pela arte de Green Hornet - Year One, Campbell nos brinda com cenas e painéis incríveis, dando um dinamismo maravilhoso à narrativa. A maneira como ele "quebra" as páginas, saindo do conhecido quadro-à-quadro - ou "ordem natural" de uma página - nas sequências de ação é não só de tirar o fôlego como uma verdadeira lição de como ilustrar uma página. Apesar de que o formato do encadernado por vezes atrapalha a visualização - ou apreciação - de algumas sequências. Mas isso já é um mal necessário.

A Mythos acertou em cheio. O formato é excelente - um formato americano capa dura sempre tem seu charme. O papel é muito bom - que, com a graça de Crom não é daquele tipo brilhoso.  A tradução é impecável. Os erros de diagramação são praticamente inexistentes - consegui perceber apenas dois, mas só do tipo de engolir uma letra, nada que realmente prejudique a narrativa.Os bônus também são geniais: O deque de cards de brinde, que traz breves resumos e curiosidades sobre os heróis pulps que estão por vir, o roteiro de Ennis para a primeira edição e uma vasta galeria de capas que incluí alguns esboços do mestre Alex Ross - o responsável pelas capas desse e dos outros personagens são surpresas graciosas e divertidas, feitas sob medida para agradar gregos e troianos. E o personagem escolhido para ser o abre alas também é sensacional.

 Poderia-se, no entanto, reclamar do preço. R$ 39,90 é realmente um preço salgado, mas, se analisarmos não só o formato, como o acabamento do material e o fato de que geralmente lançamentos desse tipo tem um público relativamente baixo em comparação aos demais, temos uma justificativa aceitável para tanto.

No mais, é só esperar pelo Volume 2 do Sombra e pelo próximo lançamento da linha pulp, que será O Aranha - Senhor dos Homens.


Então, até a próxima, fieis leitores e lembrem-se: "O Sombra nunca falha!"


O Sombra: O Fogo da Criação - tem 212 páginas, formato americano e custa R$39,90 e pode ser encontrado nas livrarias e Comic Shops - ou em algumas bancas muito boas.


P.S: Bem, já que falamos da Dynamite, eu bem que gostaria de ver por aqui alguns encadernados do Darkman e da franquia Army of Darkness. Alguém concorda comigo?